O ensaio visual 30 minutos de matéria articula prática artística, reflexão fenomenológica e investigação material. O trabalho reflete o tempo, entendido não como uma abstração linear, mas como um agente operativo, no centro do processo criativo.
O vídeo, ao condensar em aceleração um processo que, na sua duração real, exige atenção prolongada e contemplativa, desafia o espectador a reconsiderar o modo como observa as mudanças subtis da matéria. A aparente simplicidade do dispositivo, tinta que escorre, pigmento que se dispersa, luz, humidade e gravidade em ação, revela uma complexidade profunda: a obra evidencia que a imagem nunca é estática, que a materialidade tem agência, que cada elemento participa num ecossistema sensível e interdependente. A dimensão autoreflexiva organiza interiormente o pensamento de quem o escreve, configurando-se como matéria viva do próprio processo de investigação.
30 minutos de matéria é um estudo sobre o que se transforma, o que resiste e o que se dissipa, sobre como observamos, atribuímos significado e dialogamos com a matéria em contínua mutação.